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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Aluguel de bikes em Curitiba: Afinal, o que há de bom realmente neste sistema?


Gostaria de fazer um questionamento aqui em relação a uma noticia que saiu na última sexta feira (01/02), a respeito do lançamento do aluguel de bicicletas aqui em Curitiba. 

Alguns apontamentos sobre o sistema:

"O valor para alugar é de R$ 5,00 a hora, sendo que é necessário realizar um cadastro no valor de R$ 15,00 e autorizar um depósito caução no valor de R$ 500,00 – valor equivalente ao da bike – quantia que é estornada após o uso". 

"O sistema de aluguel fica restrito quanto à forma de pagamento, somente com o cartão de crédito."

(A Matéria completa você pode conferir no link:http://innaturasa.com.br/aluguel-de-bikes-agora-disponivel-em-curitiba/)


O meu questionamento aqui é se de fato este projeto realmente ajuda quem precisa realmente usar a bike como meio de transporte, até pq...quem tem grana para pagar esta quantia e para usar cartão de crédito...pode comprar uma bike.

Algo que não ficou muito claro, até porque a matéria não evidencia isto: 

1-este projeto é de iniciativa da prefeitura ou em parceria público/privado?
2-existe um plano real de ampliação e maior acessibilidade a pessoas de baixa renda?(público que, ao meu ver deveria ter prioridade no projeto)
3-Me recordo bem, quando do debate realizado pelo CAU e o IAB-PR, uma declaração do então candidato a vereador Jonny Stica, deixando muito claro que o projeto que havia ajudado a desenvolver no plano de governo de nosso atual prefeito, era para interligar os diferentes modais. Tal intenção não me parece ser possível atualmente por este projeto citado na matéria. Qual a participação do vereador neste projeto?



Faço estas perguntas pois, acompanhei,na época de eleições, toda a bela movimentação da comunidade biker da cidade por terem projetos voltados para a bike e a aparente preocupação de nosso atual prefeito Gustavo Fruet pela causa, fazendo questão de mostrar isso à mídia. Contudo, precisamos estar atentos a um reflexo posterior que pode vir a ser danoso à relação da sociedade como um todo com a bicicleta em nossa cidade, que é a falta de um senso crítico bem apurado de toda a população em relação aos projetos que tenham como objetivo aumentar o número de usuários deste modal.

Ao meu ver, da forma que esta sendo mostrado até agora este formato, deixa a desejar do que estava  no plano de governo do nosso atual prefeito, pois com estas condições, esta restringindo o uso do sistema por pessoas que tem condições de usar a bicicleta independente deste.

Gostaria de deixar neste post um convite ao debate com a sociedade, aos representantes do ciclo ativismo e aos participantes deste projeto, para que possam trazer mais esclarecimento sobre este.

Um ótimo dia a todos!

Um comentário:

  1. Bem, então dou minha opinião: é um projeto populista, prá inglês ver...
    21 bicicletas para 2.100.000 habitantes ~ 1 bicicleta para cada 100.000 habitantes
    Nesse parâmetro, fazem sentido os preços cobrados. Afinal, quem tem R$ 500,00 para fazer depósito antecipado? Quem está interessado em pagar R$ 5,00/hora para andar de bicicleta? Ora, quanto afinal custa uma bicicleta? Se alguém quer usar 3 horas por dia, no fim da tarde por exemplo, em 2 semanas por mês, são: R$ 5,00/hora x 3 horas/dia x 10 dias = R$ 150,00/mês. Pensando nos preços praticados pelo comércio local de bicicletas, em 6 meses são R$ 900,00; se compra uma bicicleta bem razoável por esse valor, parcelada no mesmo cartão de crédito que seria utilizado para a mesma finalidade.
    Tampouco ficou claro quanto tempo a empresa demorará para estornar o valor... pensando no prazo comum que empresas tardam em estornar valores, de 30 a 45 dias, quem estará interessado em "emprestar sem juros" para a prefeitura o valor de 500 reais para usar uma bicicleta por um par de horas?

    Considerando esses aspectos e somando-os ao fato de que 21 bicicletas para toda a população de Curitiba e Região Metropolitana ser um número, no mínimo, digno de piada, considero que:

    - o projeto não tem como finalidade ser viável, mas construir um diálogo entre agentes de mobilidade urbana que priorizam o modal bicicleta e o poder público;
    - tornar visível publicamente o compromisso da prefeitura de curitiba com o capital privado interessado nesse novo e extremamente atual modal de transporte com estampa ecológica;
    - disponibilizar a um público extremamente restrito, leia-se elitizado, o uso das bicicletas públicas, com o fim de manter este modal no mesmo estrato social que agora mesmo o discute como alternativa de amplo espectro à população geral;
    - afastar do diálogo e do uso cotidiano as pessoas comuns e menos envolvidas politicamente na discussão da integração deste modal de transporte.

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